1 de setembro de 2008

igual ou diferente

Acho que uma das maiores dificuldades do ser humano é respeitar e compreender a singularidade de cada um. Entender finalmente que as pessoas são diferentes. Cada indivíduo desenvolveu seu modo de ser como base nas experiências que passou, na sua forma particular de perceber o mundo. Cada indivíduo percebe e sente o mundo de uma maneira única. Por que então quero que os outros pensem e sintam do meu modo? Por que quero que os outros gostem e façam as coisas igual a mim? Por que o que eu julgo importante tem que sê-lo pro outro? Parece que o trabalho quer nos tornar iguais. Parece que os meios de comunicação de massa querem que pensemos igual. É certo que alguns homens querem dominar outros e, para isto, impõem aos pobres mortais sua visão de mundo reduzida e medíocre. Mas não é só isso. O mau dessa estória é que pegamos essa mania. Essa mania de supor que os outros devem agir como nós. Essa mania de querer que todos vejam e façam as coisas de nosso modo. Essa mania de querer impor ao outro nosso ponto de vista particular e restrito do universo. É claro que pra haver sociedade tem que haver consenso, harmonia. As pessoas precisam se entender para que possam ir adiante. Mas isso não significa que tenhamos que anular a individualidade, o jeito de ser de cada um. Como se livrar de todo esse fantasma cultural que sempre está nos dizendo o que e como devemos ser? Talvez queiram manipular o que penso, então prefiro observar minhas sensações. O que sinto é muito meu. Posso escrever versos e versos descrevendo minhas sensações sobre o mundo. Isso é um exercício muito bom. Só eu sinto assim, e quero manifestar isso. Não preciso nem devo ser igual a ninguém, porque nos foi dada a liberdade de interagir com o mundo de forma única.
Geralmente o que sentimos depende de como interpretamos. Mas, independente de como querem que eu pense, continuamos sendo diferentes. Porque o que percebo depende de meu humor, minhas expectativas, minhas ideologias, meus sentimentos, meus estereótipos, minhas experiências, meus objetivos, minhas emoções, minhas crenças, meus valores, minha respiração. Enfim, o que percebo depende de tudo o que sou e de como estou. Se quero que o outro seja igual a mim, ignoro o direito e a liberdade que cada um tem de ser o que é. Ignoro que à minha frente existe um ser humano.

Um comentário:

taís disse...

'Se quero que o outro seja igual a mim, ignoro o direito e a liberdade que cada um tem de ser o que é. Ignoro que à minha frente existe um ser humano.'


sinceramente, você arrasa.