30 de setembro de 2007

Inteligência alienígena

Antônio Abujamra, em seu programa Provocações do dia 26/09, pergunta ao entrevistado do dia, João Sayad, Secretário de Cultura do Estado de São Paulo:
Existe alguma diferença entre assaltar e fundar um banco?

Um vaca per capita

Estava eu hoje pela manhã perambulando por um supermercado do bairro onde moro, tentando distinguir dentre os produtos, aqueles que me acarretariam menor prejuízo financeiro, quando ouvi, sem intenção qualquer de fazê-lo, uma senhora dizendo a si própria numa espécie de diálogo interno exteriorizado, que não entendia porque o leite tinha ficado tão caro. Eu respondi mentalmente, confome havia lido ou ouvido em algum lugar, que tal reajuste (?) se devia a um aumento da demanda pelo produto na China. Olhei para a lata de leite no meu carrinho e me assustei ao ver uma cara branca e redonda com aqueles olhos puxados de chinês. Chinês é um povo ruim e comunista que vem lá do outro lado do mundo pra diminuir meu poder de compra.
A senhora permaneceu por alguns instantes de dúvida angustiante diante das latas e resolveu por não levar nenhuma. Um outro rapaz, pegou um caixa de leite, que ele classificou já conformado como "leite de água pura".
Eu voltei pra casa com uma lata e com raiva de chinês.
Será que lá na China não tem vaca suficiente?

De cabeça fria

A paranóia por corte de custos nas organizaões contemporênas afetaram de modo decisivo o ambiente restrito e privado da vida doméstica na sua dimensão mais simples e corriqueira: o ato ou movimento automático de esforço desprezível de acender um minúsculo, magricelo e quebradiço palito de fósforo. Isto porque, pesquisa empírica realizada por mim nas últimas semanas demonstra de forma inequívoca que a chama de um fórforo de hoje não dura mais quanto a de antigamente. A dúvida que permaneceu sem respostas é se o problema está na quantidade de pólvora ou no tipo de madeira utilizada.
De qualquer forma, a medida é compreensível, afinal, por que só eles deveriam continuar de cabeça quente?

8 de setembro de 2007

Porque devo jogar minha tv no lixo

Diz-se por aí que a internet vem revolucionando os meios de comunicação e, por isso, tem afetado, mesmo, instituições poderosas de nossa época como a televisão. Televisão vem do burronês e quer dizer “aquilo que faz o sujeito ver”. Traduzindo num sentido mais prático, “o que faz o indivíduo pensar estar vendo algo que lhe interessa”. Para piorar, pode-se dizer que a televisão é um elemento da vida cotidiana mundial incompatível com a espécie humana desde sua invenção, não podendo, por isso, atribuir aos nerds do Vale do Silício a culpa por sua decadência natural. Vários características (próprias ou que lhe foram atribuídas anonimamente) eu poderia citar para fundamentar minha tese. Poderia fazer eco à voz de todos aqueles que passam a vida demonizando a tv ou acusando-a de instrumento de lavagem cerebral, o que, nas palavras de Durkheim, corresponderia a dizer de maneira mais elegante, um instrumento de moldagem da “consciência coletiva”. Mas não é sobre o poder de formar ou deformar opiniões que quero tratar. Muito menos se a tv contribui ou não de forma bem intencionada e inteligente para o desenvolvimento intelectual ou cultural do povo brasileiro. Muitos críticos consideram a novela uma ameaça terrível aos bons costumes por querer difundir de maneira pervertida os valores e hábitos de uma sociedade. Mas, não é sobre questões como essa que quero meter meu dedo e nariz. Minha crítica vem de uma observação bem menos polêmica ou complexa: “ A tv é um abuso". Isto porque (retomando o sentido original da palavra) ela "diz" e "quer" nos convencer de tudo aquilo que não queremos saber ou ser convencidos. Por esse motivo, só não vou jogar a minha fora amanhã porque ainda alugo dvds. Evidentemente, essa não é uma característica exclusiva e deplorável da tv. A maioria das mídias como jornais impressos e rádios sofrem do mesmo mal. Falo da tv pela razão óbvia de ser mais popular. Todo mundo, até minha sobrinha de um ano de idade, já descobriu que a tv é um milhão de vezes menos interessante que a internet. E por um motivo muito simples: não podemos escolher “o que” e “quando”. Já diante do mundo virtual, a mágica é perfeita. Ela pronuncia a palavra “Pimbo”, (manifesta sua vontade) - referindo-se ao desenho “Pingo”- dá um clique único (não precisa de muita coordenação motora) e pronto, desejo realizado. Já como a tv, a interatividade é substituída por aquela unilateralidade prepotente: "isso não me interessa, mas eu não tenho escolha". E para aqueles que defendem o controle remoto ou a tv a cabo como mecanismos de escolha, basta lembrar que ainda assim precisamos esperar (parece um palavrão) sempre. E se não podemos “escolher o que e quando” não podemos nada. Vê-se com isso que, além de todos as mazelas já mencionadas, a tv é ainda antidemocrática, ao ferir profundamente a liberdade individual. Diante da tv, não possuímos nem o direito essencial de dirigir nossa atenção, o que significa dizer que ela provoca uma “obstrução direta e rígida ao direito essencial de dirigir nossos pensamentos e, consequentemente, nosso ato de pensar”. Filosofia do Direito à parte, nossa experiência como telespectadores denuncia essa relação manipuladora tv-homem. Um exemplo clássico são as propagandas comerciais. Pagamos contas altas de energia, desperdiçamos tempo (o bem mais valioso de nosso século) para assistir ao mercado querendo introduzir em nossos cérebros uma idéia consumista de uma necessidade artificial de se comprar um bem fútil, algo sempre extraordinário. Há quem defenda que carro não é fúltil, mas, por outro lado, eu não tenho disponibilidade financeira (dinheiro) suficiente para comprar um à vista por R$ 34.000 (trinta e quatro mil reais). Mas é só esse fim de semana! Aproveite essa promoção! Oportunidade Imperdível! Eu, decididamente, não quero perder meu tempo assistindo a comerciais que, absolutamente, só interessam a quem vende. Definitivamente a internet é a salvação (a palavra é essa mesmo). E não falo isso olhando só pro meu umbigo. Pesquisa realizada por mim entre meus vizinhos revelam com dados incontestáveis que todos eles, após terem comprado um computador, vêm apresentando quadros graves de amnésia completa com relação a tvs. Tvs e comerciais, eu, conscientemente, vos sepulto!

5 de julho de 2007

0,01

Com a notícia desta semana de que a gasolina vai ficar mais barata 0,01 centavo/litro, imagino que os paulistas irão organizar uma comemoração na Avenida Paulista em plena segunda feira. Aliás, podemos reivindicar do governo uma feriado nacional, já que não nos foi concedido em ocasião da canonização de Frei Galvão.
Quando os Aiatolás coçavam seus turbantes e sonhavam em menos de mil e uma noites com o aumento do barril de petróleo, os donos de postos de gasolina aqui já sentiam o cheiro do possível aumento e não perdiam tempo. Se Bush chingar o Irã, no outro dia vai estourar uma guerra e todo mundo vai pagar mais caro.
Mas agora que o dólar despencou.....nã, nã, nã

Fora Dunga!

Não sou mais fã de futebol como antigamente.
Ligo minha tv para assistir jogo só em Copa do Mundo, mas não posso deixar de manifestar minha insatisfação do tamanho de sete anões, um em cima do outro, com Dunga como técnico.
Desconfio de que o único papel que desempenha bem é lá na estorinha de Branca de Neve, com todo o respeito ao que ele já foi como jogador.
Mas, convenhamos, o Brasil tem seu pior técnico de todos os tempos.
Fora Dunga!

27 de junho de 2007

Je ne comprends pas

Pra quem gosta de falar mal do Brasil, como um país onde a Justiça não funciona, é oportuno observar o trabalho da Justiça americana de estender tapete vermelho para as idas e vindas de Paris Hilton em seu desfile entre sua casa e a prisão. De qualquer forma, ela é uma lady e, se da minha competência fosse, emitiria todos os habeas corpus necessários para vê-la fora daquilo que não guarda semelhança alguma com cenários hollywoodianos, mesmo se à sua cela fosse aplicada toda a computação gráfica de "300”. Eu, como cidadão americano, (o Brasil também faz parte da América!) sou totalmente a favor de sua liberação, até porque quero vê-la ainda fazendo muitos filmes, mesmo que sejam películas de 03 minutos e 15 segundos no youtube, porque possui talento indiscutível na arte de interagir, ou melhor, contracenar. É importante também lembrar que (ainda bem) mesmo estando um pouco alta além dos saltos, sua direção perigosa não provocou dano a nenhum paparazzi de plantão. Já ouvi dizer que nos states a Justiça é tão rigorosa que se até o presidente cometer um descuido desses vai preso. A sorte dele é que não existe lei ainda que condene quem age feito bêbado mesmo estando sóbrio, da mesma sorte que seu diploma de nível superior não o deixaria ser deportado pra Guantánamo. Mas, voltando à musa, minha predisposição em escrever esse que seria um “textículo” (não achei termo mais apropriado) de aproximadamente duas linhas era para dizer que, se meu avô estivesse vivo, ele me perguntaria humildemente se Paris Hilton também fica na França. Não por ser um homem ignorante, mas por talvez não compreender a proporcionalidade de fama entre as duas Paris. Meu avô era um veterano de guerra. Foi à Itália e, segundo imaginação de alguns, quase deu um tiro em Mussolini. E eu, aqui, compartilho com ele da mesma confusão. Após todo o bombardeio nos últimos dias da mídia mundial atirando fotos e reportagens da socialite na tela de meu micro, eu não poderia responder-lhe outra coisa a não ser: meu avô, je ne comprends pas, também.

p.s: "je ne comprends pas" = "não estou entendendo bulhufas".




17 de maio de 2007

Pé de galinha, don't!

Eu lia aqueles livros gigantes de história do segundo grau na sala de aula sobre a Revolução Russa e sentia vontade de implantar aqui no Brasil (quando crescesse) um socialismo que desse certo, totalmente diferente daquele corrompido por Stalin e seu ninho de cobras. Distribuir melhor as riquezas, não permitindo que nenhum brasileiro tivesse que sofrer a humilhação de passar fome. Fornecer, através de um Estado de bem estar social, saúde, educação, moradia, emprego para todos os cidadãos brasileiros sem exceção. Enfim, acabar com esse sistema concentrador-excludente de que tanto minha professora de geografia falava. Não é justo que 99,99 (noventa e nove, VÍRGULA, noventa e nove por cento) da riqueza nacional fique nas mãos e nas contas bancárias de 0,01% (zero, VÍRGULA, zero um por cento) da população brasileira (casta superior), enquanto todo o resto é submetido a se contentar com migalhas. Eu sabia que Marx estava certo. Ele era genuinamente de esquerda, tinha uma visão social e plena consciência de todos os malefícios gerados pela construção de uma sociedade industrial. Só não havia existido até aquele momento alguém que soubesse interpretar O Capital e implementar de maneira correta seus princípios. Se eu me candidatasse a presidente e fosse eleito, com certeza faria isso, para o bem geral da nação e para compensar minhas horas perdidas sentado num banco duro de escola municipal, à noite, assistindo aulas de história com uma professora fã de Cazuza, a qual não tinha coragem política suficiente para formular uma ideologia pra viver, limpar a piscina cheia de ratos, corresponder idéias aos fatos e expulsar os inimigos do poder. No meu peito de estudante secundarista, nordestino pobre do interior de Pernambuco, ardia esse desejo, deveras nobre, de realizar uma verdadeira, consciente, histórica e definitiva revolução em nosso país. Quatrocentos anos de escravidão já era o suficiente de exploração humana nessa nossa pátria amada, idolatrada, salve, salve. Seria preciso reformular toda estrutura de poder e modo de produção e distribuição de riquezas. Para Aristóteles, por exemplo, uma sociedade justa seria aquela que distribuísse sua riqueza na mesma medida para todos os cidadãos. Tal medida já seria, talvez, um bom começo. Mas passaram-se alguns anos e eu não virei presidente da República nem líder revolucionário, embora ainda sinta impulsos de fervor revolucionário quando me deparo com a cara de Che estampada em camisas pretas. É verdade também que toda vez que lembro das barbas de Fidel e de Che desafiando o império americano, acuados naquela ilhota, querendo reinventar o mundo, sinto vontade de pertencer àquela época em que os jovens lutavam por ideais nacionais e expressavam sua indignação contra todas as formas de opressão. Hoje, infelizmente, não pretendo mais derrubar o governo nem implantar a ditadura do proletariado. Mas a realidade social ainda me incomoda profundamente (não sei se pelo fato de eu estar do lado dos desfavorecidos). Ver tanta gente marginalizada do mercado de trabalho, morando em condições precárias, crianças passando fome, idosos tendo que sobreviver com um salário mínimo, tanta miséria e violência por esse Brasil a fora, me faz refletir sobre que tipo de sociedade construímos a cada dia que passa. E parece que temos que nos conformar com esse mercado cada vez mais neo-liberal onde cresce e se impõe o poder do capital sobre o cidadão, um Estado cada vez mais mínimo na sua função social - embora máximo em tributação -tantos escândalos de corrupção, tanta gente sem condições mínimas de usufruir de uma assistência médica digna de ser humano, quando todos pagam impostos. De fato, o capitalismo forçou o homem a fixar os olhos exclusivamente no lucro, e a submeter todo o resto, todos os recursos que se possa imaginar, à pura exploração. O resultado de nossa escolha, hoje, é uma elite soberba, uma classe média enfraquecida a cada dia, e milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza. Se existe algum caminho para diminuir essa desigualdade, nunca será o da retórica, do populismo, da hipocrisia, da conversa pra boi dormir. Não precisamos de nenhum Chavez por aqui. Se o capitalismo vai levar o mundo ao colapso como alguns defendem, precisamos desenvolver cada vez mais mecanismos de combate, sejam eles de reforma ou mesmo de revolução.

Bahia de todos os pobres

Hoje à tarde, no ônibus a caminho do trabalho, coloca-se ao meu lado direito um rapaz vendendo paçoca.

À minha esquerda, passa uma senhorita numa Pajero.

Eu não sou de centro.

9 de abril de 2007

Doce, doce, doce...


Talvez você ainda não tenha sido informado, mas não existem mais crianças no mundo! Se você ainda não leu o jornal de hoje, corra até a banca ou ligue a tv. Todas elas sumiram, pegaram o disco voador de xuxa e foram parar em algum planeta perdido por aí. Não há vestígios. Não há indícios. Não restou uma única criança sequer pra contar a estória. É fato lamentável. Mas é a verdade.
Mas corra até o quarto de seu filho, quem sabe o destino tenha sido benevolente com ele e o tenha deixado quietinho lá, dormindo tranquilamente em seu travesseiro.
Quem sabe ainda existam crianças em quartos de crianças.

6 de abril de 2007

O mundo acabou

O mundo acabou, só eu e você sobrevivemos. Não há mais água no planeta, a floresta amazônica foi totalmente destruída, o aquecimento global acabou com todas as espécies vegetais e animais. Não há mais calota de gelo sobre calota de gelo.


5 de abril de 2007

Quem apagou a luz

Poucos dias após o Presidente da República ter exigido dos principais representantes do setor aéreo data e hora (horário de Brasília? considerar fuso horário?) para o “fim da crise nos aeroportos do país”, os controladores de vôo, sensíveis ao apelo e conscientes de que suas funções são uma questão de Segurança Nacional, resolveram fazer a sua parte: cruzar os braços e não apertar mais nenhum botão, quando a greve para a categoria é proibida por Constituição.
- Senhores contribuintes, apertem os cintos, o país vai realizar um pouso de emergência por motivo de uma greve de fome!
O ministro da Defesa, Waldir Pires, logo se pronunciou, alertando os militares para lembrarem de suas responsabilidades e afirmando que o Estado de Direito não pode ficar refém de ninguém. (Quem ficou refém de quem?) A FAB, para melhorar a situação, resolveu dar ordem de prisão aos insurgentes, mesmo sabendo que não tinham pessoal para substituir. O importante, nesse caso, era ser fiel às regras e princípios de controle (?) disciplina e autoridade. Contrariamente, o presidente, que parece ter agido de maneira mais sensata, resolveu, através de seu gabinete de crise, negociar com os amotinados, gerando o que os militares definiram de quebra de hierarquia. A FAB então, ressentida com tamanha falta de respeito e quebra de autoridade, decidiu, unilateralmente, em menos de vinte e quatro horas, entregar(alguns alegam que se tratou de puro abandono) o controle do tráfego aéreo civil a... quem? a seu zé ninguém (claro) e formalizou a decisão com a publicação de uma nota oficial em poucas linhas, escrita às pressas (como quem escreve um recado também de seu zé ninguém), pra que não restassem dúvidas de que, além do descontrole no motim dos controladores, agora estava sacramentado também o descontrole do Controle.
Na segunda-feira, o presidente voltou atrás na promessa de que não haveria punição para os militares. Em resposta à cortesia, A FAB aceitou reassumir suas funções.
Toda essa novela, me deixa com um boing atrás da orelha quanto ao discurso político de que as instituições no Brasil são sólidas. Percebe-se que, nos últimos seis meses, a únida coisa de sólida encontrada no Brasil foi o chão dos aeroportos que serviu de cama para os pobres coitados cidadãos brasileiros que saíram na foto com cara de sem-terra. Mas, calma, não há culpados, até porque todo mundo sabe que não foi a aterrissagem (embora desconcertante) dos "aviões" da Varig em revista masculina que desencadeou a crise aérea nossa de cada dia. Da mesma forma, não foi a pomba morta (macumba?) - que provocou o fechamento da pista principal do aeroporto de Congonhas - nem o cachorro que invadiu a mesma pista no mesmo mês, a causa da crise. Convém ressaltar que São Pedro também deve ficar livre de qualquer punição, mesmo após a Infraero ter alegado a chuva como causa de atrasos de vôos em Cumbica e o ministro da Defesa em seguida ter pedido a punição dos responsáveis.
Nos resta como consolo, entretanto, um dado esclarecedor: a famosa foto! A imagem da brasileira sendo “apalpada” (por que eu usaria outro termo?) pelo príncipe herdeiro do trono britânico, contém aspectos reveladores:
a. se no Brasil não se respeita a coisa pública, porque o príncipe não poderia meter a mão na coisa privada?
p. de forma análoga e anatômica, nossa crise é cíclica.
a. apagão, por natureza, não iria sair no The Sun.
g. se estivessem com as mãos devidamente ocupadas, os controladores fariam greve de qualquer coisa, menos de fome.
a. a brasileira provou que é possível subir, mesmo sem avião.
o. em país de primeiro mundo,mesmo com todo o escuro duma boate, foi demonstrado que é possível controlar alguma coisa.
Só não me perguntem quem apagou a luz.

24 de março de 2007

Bush só para maiores


Contradizendo o ponto de visa de muitos, Bush não veio ao Brasil atrás de cana de açúcar, nem para marcar presença na América Latina frente à crescente influência ideológica de Chávez. Existem, na verdade, diversas teorias quanto aos motivos dessa viagem realizada para baixo (de seus sapatos) e da linha do equador. As opiniões a seguir (não refletem a opinião do autor), foram reunidas entre diversos sociólogos, historiadores, filósofos, antropólogos, analistas políticos, videntes e alguns bêbados de um bar próximo de minha casa:
a) Bush veio se desculpar pessoalmente com Lula, por não ter concedido ao Brasil uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU. Em compensação, financiou a compra de cadeiras, mesas e poltronas importadas para o novo prédio da Assembléia Legislativa de São Paulo, que ainda não está pronto, mas já custou 12 milhões ao meu bolso.
b)Veio negociar a compra da floresta amazônica para expandir a área de seu curral no Texas.

c)Temeroso com a possível derrota no Parlamento para os democratas que exigem a retirada dos soldados americanos do Iraque, e com sua crescente perda de popularidade, tratou sobre a possibilidade de se exilar aqui no Brasil, caso os americanos queiram presenteá-lo com uma corda no pescoço.
d)Veio vasculhar se Bin Laden não estaria metido por aqui, após ser informado - quando contava a estória do Lobo Mal numa escola primária americana - sobre nosso apagão aéreo.
e)Sentiu que seria um ato de caridade aumentar um pouquinho o Ibope de nossas emissoras, que não perderam tempo em acompanhar todos os seus passos, inclusive quando estava dormindo.

f)Estimular entre os brasileiros uma campanha nacionalista que nos proteja dos interesses internacionais e reafirme nossa independência econômica, cujo slogan seria: “O Etanol é nosso”!

Como indica a última hipótese, algumas pessoas acreditam que o principal interesse de Bush no Brasil seja, de fato, o álcool, principalmente – e muito preocupados com isso – aqueles que não largariam a cachaça por nada nessa vida. Ele que o diga...


22 de março de 2007

Crescimento e Córtex

Como tudo no Brasil é uma questão de dar um jeitinho, o próprio governo brasileiro através de seu Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após sofrer intermináveis críticas nos últimos meses pelo baixo crescimento econômico, resolveu dar o seu jeitinho, adotando medidas práticas para calar (pelo menos momentaneamente) a crítica e dar ao país uma cara de menos pobre. Dessa vez, o jeitinho foi a “mudança na metodologia de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB)". Umas mexidinhas aqui e acolá no “x” e no “y” e pronto: da noite pro dia o Brasil já era outro, melhor, claro. Os novos resultados apontam que:
a) Entre 2002 e 2005 o PIB foi maior do que se pensava.
b) Durante os últimos anos do governo FHC o PIB foi menor do que se pensava.
c) A dívida pública (calculada proporcionalmente ao PIB) diminuiu.
d) A carga tributária, também em termos proporcionais ao PIB, sofreu redução.
Enfim, com uma calculadora só, o governo conseguiu resolver três grandes males que atormentam a vida de todos nós brasileiros,trabalhadores e empresários.
Enfim, o espetáculo do crescimento.

Paralelamente a essa excelente notícia de crescimento econômico, nossos representantes já tomaram as devidas providências para distribuir melhor essa riqueza e irão encaminhar nos próximos dias ao Congresso proposta de aumento de seus próprios salários (presidente, ministros e parlamentares) em 26,5%. Eles merecem.

Enquanto isso do lado de cá, o povo, da mesma forma, será recompensado com a diminuição dos rendimentos da caderneta de poupança e do FGTS, devido a umas pequenas mudanças também no “x” e no “y” da TR (taxa referencial), realizada pelo governo, por solicitação dos bancos.

Para concluir, a Revista Nature publicou nesta quarta um estudo sobre a influência de uma região específica do cérebro (ventromedial do córtex pré-frontal ) nas atitudes que envolvem julgamento moral. A pesquisa revelou que as pessoas que sofreram traumas nessa região tomaram decisões sem fazer considerações morais, de forma fria e racional.

Só nos resta saber onde que nossos representantes bateram a cabeça quando crianças.

P.S: Texto publicado no A Tarde Online - Blog do DEZ!

18 de março de 2007

Mundo dos gordos


Tenho a impressão de que todos nós, sem exceção, vivemos num mundo de gordos. Embora haja aqueles que defendam que 99,99% da população mundial caloricamente ativa seja obesa, ainda existem espécies de magros, magérrimos e magricelos que, embora em possível fase de extinção, continuam sonhando e pagando para ingerir alimentos que lhes rendam alguns quilos a mais. Tenho certeza de que para os magricelos, é triste olhar um comercial na tv ou outdoor anunciando um produto zero. Não foi "menos 30%", "menos 70%" calorias. Não! Definitivamente foi 0 (zero). Seria fantástico se fossem apenas alguns produtos. O fato terrível, porém, é que tudo nos supermercados está se tornando diet ou light. Ou seja, os supermercados estão se tornando verdadeiros centros de consumo exclusivos para gordos. Pior do que isso, tem gente magra aderindo à moda. São magros que obviamente não se olham no espelho. A coisa é tão séria que minha sobrinha de cinco anos, coitada, disse que não quer comer muito pra não ficar gorda. Eu falei que se ela comer bem não fica gorda, apenas não vai ficar parecendo um palito de dentes.

Meu protesto aqui, entretanto, não diz respeito a anorexia. Só espero que a indústria alimentícia lembre que existem pessoas ainda no mundo que querem e gostam de ingerir CALORIAS, e isso as faz muito felizes.

Quem disse que dinheiro não cai do céu

Meu pai me dizia que dinheiro não cai do céu, agente é quem tinha que correr atrás. Claro que ele disse isso porque nunca tinha ouvido falar em casos como o ocorrido na última quarta feira na zona rural de São Sebastião do Passé (61 km de Salvador). Como sabido, literalmente, R$ 5,56 milhões cairam do céu. Os moradores da região, claro, não perderam tempo e, em poucos minutos, já haviam feito seus devidos saques. Dinheiro vivo, sem fila, (não exigia cartão, senha, comprovante de renda, residência, não descontava em folha, não cobrava as menores taxas do mercado, não precisava ser aposentado nem pensionista, nem falar com a moça) e o melhor, veio do céu, o que era sinal de benção, deixando-os sem nenhum sentimento de culpa ou constragimento.
A polícia logo interferiu para resgatar a fortuna daqueles infiéis. Houve gente que enterrou dinheiro nos fundos da casa. Não que ali fosse um lugar seguro. É que em terra que dinheiro cai do céu, porque não nascer um pezinho no quintal? Eu não estava lá, infelizmente, para poder flagrar os lugares mais impensáveis onde aquelas pessoas esconderam aquelas cédulas. A polícia, com certeza, terá que trabalhar muito com a imaginação.
Vai lá saber onde aquele povo enfiou tanto dinheiro.