23 de julho de 2009

assim nem assusta

Talvez uma coisa que eu jamais vou compreender nessa vida, seja a preocupação da mulher com a vaidade depois de morta. Ela disse: "tomei o frasco de chumbinho, mas antes tomei banho, me vesti e me penteei porque não queria ficar uma defunta feia".
Como alguém pode se preocupar com a reação dos outros quanto à aparência justamente numa experiência que não vai viver? Sinceramente acho muito estranho.
Já há alguns anos eu vinha pensando sobre o sentido da vaidade para a mulher. Quanto mais vivo, mais me convenço de que mulher e vaidade são uma coisa só e de que não existiria uma coisa sem outra. Caso ocorra de não haver vaidade na mulher, não existiria mulher, mas qualquer outro tipo de criatura humana. Tubo bem, dizem que não há natureza humana. Pouco importa. Se é um padrão recorrente desde os primórdios da humanidade, inventemos outro nome qualquer. O fato é que de algum modo faz parte. Claro que existe toda uma estimulação cultural, principalmente numa sociedade de consumo, de hipervalorização da estética. Mas creiam, está no gene. Não vou provar. Apenas creiam. Como diria minha avó, "tá no sangue". Parece-me que entre as mais diversas civilizações se consagrou que o homem obteria o que quisesse pela força, pela coragem, pela inteligência. À mulher, colocada num segundo plano, não restaria outra arma a não ser enfeitiçar o homem pela beleza. Se graça nenhuma tivesse, pobre moça. Algumas dizem que se embelezam para si mesmas. Não acredito. Concordo com William James quando disse que o desejo mais profundo do ser humano é se sentir importante. E para que o ser humano se sinta importante é preciso, como já disse John Powell, que ele veja "seu valor refletido no olhar do outro". O outro, sempre vai nos completar como humanos, como existência. Vejo minhas sobrinhas pequeninas se preocupando tanto com a aparência. Se um homem falar que uma mulher é feia ela não vai esquecer isso pelo resto da vida.
Mas não entendo como isso pode ocorrer de forma póstuma. Não entendo. Plenamente não entendo. Pra mim, será sempre um mistério.

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