25 de junho de 2009

do coração


Quando cheguei em casa, vim logo pro micro e acessei meu email no yahoo. A primera notícia que vi foi a de que Michael Jackson estava mal, no hospital, devido a um ataque cardíaco. Cinco minutos depois minha mãe entra no quarto e diz: Michael morreu. Corri pro nytimes pra confirmar. Tava lá. Não sou fã de M.J, nunca fui. Nunca comprei um só cd nem dvd dele (nem pirata). Poucas vezes sentei em frente à tv pra ver algo dele ou sobre ele. Mas duas coisas me vieram automaticamente à cabeça. A primeira, foram lembranças de minha infância, quando uma vez, num aniversário lá em casa, eu comecei a imitar junto com minha irmã os passos dele. Eu achava legal. Eu deveria ter uns 10 ou 11 anos de idade. Não sabia exatamente quem era M.K nem o que ele representava pra música. Sabia que a batida era legal, a dança diferente e que ele era famoso porque passava na televisão e as pessoas estavam sempre comentando. Apesar das turbulências em sua vida, ninguém pode negar que Michael foi uma lenda. E uma lenda, é uma lenda. A segunda coisa que me veio foi um post que escrevi há algumas semanas em que falei sobre ele como uma " figura que mais se assemelha a uma boneca de porcelana falsificada chinesa com cabelo de boneco de macumba" e que ele, diante da ascensão dos afro-americanos nos últimos anos, havia se tornado "um pato branco se afogando num mar negro afro." Não me senti bem lembrando essas frases. É como se agora eu quisesse dizer: foi mal cara!

Mas o que me vem à mente agora é que Michael morreu do coração. Não poderia ser de outra coisa. Segundo as fofocas de todo o mundo, Michael não era um ser humano feliz, talvez até de uma personalidade doentia e infantil. Acredita-se que um dos motivos foi justamente sua vida totalmente deslocada da realidade das pessoas comuns. Uma vida alienada das relações humanas que podemos aqui chamar de normais. Um indivíduo enclausurado pela fama, perdido nos reflexos do culto à sua personalidade, talvez querendo viver ou sonhar na Never Land uma infância que nunva teve. Não sei. Mas Michael sempre passou a impressão de um ser solitário. Alguém que, apesar de tanta fama e dinheiro - e de tantos passos no palco -, parecia não conseguir dominar seus passos em sua jornada nessa terra. Parece-me coerente, pelo menos isso, que tenha morrido mesmo de coração. E que a causa mais profunda para o colapso, não tenha sido outra coisa a não ser sua própria vida infeliz, solitária e sua carência, mesmo, de um sentir-se humano.
Ha uma frase de Joseph Campbell que diz que "estamos aqui para aprender a caminhar com alegria, em meio às tristezas da vida". Talvez Michael não tenha aprendido esse caminhar. Mas talvez nenhum de nós, mortais, jamais compreenderemos o mundo em que só ele viveu.

A Michael, minhas desculpas póstumas.

2 comentários:

Susan Hypolito disse...

Será que ele era tão infeliz assim? Talvez sim, talvez não..

josue mendonca disse...

acho que nos últimos anos sim Susan.
michael me parecia uma alma viva a vagar aqui pela terra..

mas vai saber né? eu queria ter a casa dele!