23 de junho de 2009

se em Paris...

Ultimamente venho me perguntando o que sou. Se um escritor, analista, cronista, poeta, blogueiro, artista, comentarista, crítico, um neurótico, uma vizinha fofoqueira, um bobo da corte, um pouquinho de tudo, ou absolutamente nada disso. É que bate aquela vontade de agir como se fosse e então... Vivo na corda bamba do amadorismo. Sei da minha meta: chegar do outro lado. Apesar de tantos desequilíbrios. Mas o mundo aqui é mais divertido. Não tem regras, não tem chefe, não tem pauta, não tem cara feia, não tem "juízo garoto!". Escrevo o que quero, do jeito que quero. E me dou ao luxo de, como Aline, às vezes ser só coração. Estou certo de que se Deus me deu um cérebro e um coração, é porque é legal usar os dois, misturados ou separados. Depende da vontade. Tenho uma forte sensação de que meu coração funciona dentro de minha caixa craniana e que meu cérebro não calcula, dá um mais ou menos, mas me diz que é por aí mesmo.
Gostaria de me acreditar escritor, pelo menos pra manter minha auto-estima. Minha formação intelectual foi com gibis da turma da mônica e assistindo a pica-pau. Já um personagem histórico que influenciou minha forma de ver o mundo foi Fio. Fio foi um amigo da infância e adolescência. Ele era quase analfabeto, mas era ele quem tinha as sacadas pra muito além de minha oitava séria alienada. Era pobre, filho de lavadeira, mas de uma percepção social extraordinária. Comentava e dava aquele sorriso. E eu ficava com inveja. Se Fio tivesse nascido em Paris, com certeza já estaria em livros.

Nesses quase três anos de blogs (começando pelo literalmente falando) aprendi muito, acho que amadureci bastante. Desobri escritores fantásticos, pessoas que me ajudaram a enxergar o mundo de forma mais rica e ampla. No mar da blogosfera, já me senti um peixe esperto, outras vezes, um cocô boiando. Sinto-me honrado pelos meus poucos, mas queridos leitores, quase cúmplices. Sinto-me contente quando vejo que o que escrevi bateu na cabeça de alguém, como um pedrinha de estilingue, nem que seja pra deixar zonzo. O que achei legal nesse tempo é que nunca me senti um sem noção. Isso porque meus leitores são bonzinhos. Quandos eles percebem pobreza na minha argumentação, eles tentam entender o que eu quis dizer, e consideram apenas minhas boas intenções. Se 90% do que escrevi é um absurdo, eles procuram os 10% de sanidade e me dão a maior força.

Algumas coisas me incomodam profundamente: a retórica dos reis, os que dormem de óculos escuros nos ônibus, os que acham que homens bomba são bonecos de video game, e os mortos vivos. Uma coisa admiro: o sair da caverna.
Já tive vontade de abandonar o blog. Vontade de não mais escrever porque afinal, pra que escrever? Mas um motivo me restou, suficiente pra que eu continuasse: estou vivo, e que o universo sinta a vibração de cada batida no meu teclado. Oh, yes!
Sei que nesse tempo, escrevendo e lendo blogs, não perdi nada. Pra mim, é sempre - oh shit! - emocionante o ato de escrever, a leitura do mundo, o texto como reflexo do que somos.

Hoje faço 29 anos, e me sinto feliz por não estar gripado.

4 comentários:

Loirinha disse...

Parabéns pelo niver.
Queria estar perto pra poder comemorar ao seu lado, mas como isso ainda não foi possível... receba meu carinho e admiração por ti.
Felicidades!
Bjus, bjus, bjus...

josue mendonca disse...

obrigado moça
abração

Kenia Mello disse...

Parabéns, um pouquinho atrasados, mas de coração. :)

Fábio Mendes disse...

Parabéns atrasado.

Escrever é muitas vezes o que nos resta. Seja algo importante ou mesmo alguma piada infame. Escrever é respirar.

Só não fale em fazer jornalismo, cara. É o fim!!!