4 de junho de 2009

da tristeza literária


Às vezes sinto uma tristeza literária. É uma tristeza que pode ter uma série de motivos do mais diversos, dos mais complexos, dos mais jamais compreendidos. Sinto tristeza literária do ponto de vista de leitor quando, por exemplo:


não entendo a informação
entendo a informação, mas não entendo o texto
entendo o texto, mas não entendo o contexto
entendo o contexto, mas não entendo o texto
entendo a informação, o texto e o contexto, mas não entendo a motivação do escritor
entendo a motivação, mas não entendo a redação
entendo o que o escritor quis dizer, mas não entendo o que ele disse
entendo o que ele disse, mas não entendo o que, afinal de contas, ele quis dizer
sinto que entendi tudo, perfeitamente tudo, e minutos depois me pulam 9,8 dúvidas
o texto é belo mas o conteúdo é vago
o texto tem o conteúdo é excelente, mas a letra é pequena e o fundo é preto ou vermelho
não entendo absolutamente nada

Outras tristezas literárias tem origem no meu próprio ato de escrever. Elas geralmente ocorrem quando eu>>>

penso, penso, penso e não sai nada que se aproveite, de modo que a conclusão do texto é selecionar tudo e apertar a tecla 'delete'
não penso, fica até chamativo, mas não digo nada
desconfio que nem eu mesmo estou entendendo o que escrevo
cito filósofos e despois descubro que tinha a ver, mas nem tanto assim
não consigo achar a palavra certa
não lembro da idéia que tive na noite anterior
sento pra escrever e esqueço o que ia escrever
analiso demais, considero vários pontos de vista, me perco e então travo
começo a achar que tudo é complexo demais e me sinto uma ameba
leio textos excelentes em blogs vizinhos e vem aquela sensação de "eu ia escrever sobre isso... mas não rolou inspiração"
me preocupo demais com palavras bonitinhas e perco o raciocínio
sinto que deveria ter lido um pouquinho mais antes de escrever
percebo que o que escrevi foi um puro desabafo emocional que nenhum leitor merecia
não consigo distinguir o que é importante escrever
.
talvez a maior tristeza literária seja quando sinto minha cabeça oca

O pior é que não sei se vende na farmárcia algum chazinho que resolva isso.


2 comentários:

Lola disse...

nossa, pelo amor de deus, se existir me passe o nome!

adorei o post! é ótimo saber que eu não sou tão estranha e neurótica assim.. haha.. pelo menos, não sou a única!

josue mendonca disse...

pois é...
não é mole não...agente sofre...