17 de setembro de 2009

num tom de maresia

Um dia eu vou escrever sobre a Bahia. Sobre esse terra pra onde me mudei em 8 de janeiro de 2000. Há alguns anos venho pensando em fazer isso, mas nunca me sinto preparado por alguns motivos: a) superar os preconceitos. b) tomar o distanciamento necessário para analisar a cultura c) me integrar mais ao povo e aos costumes para não só saber, mas sentir o que é ser baiano. O problema é que parece que o tempo não resolve isso. Aliás, o tempo tende a agir contra. Se eu escrevesse sobre a bahia após um ano morando aqui, não teria a dimensão do que é a Bahia. Se eu demorar décadas para escrever, talvez esteja tão integrado que não perceba os contrastes. Em que momento então para que o tempo não seja um traiçoeiro? Hoje, me sinto impelido a escrever. Sem amor, sem ódio. Porque parece que falar sobre a bahia será sempre num tom de maresia. Há aqueles que confundem a Bahia com um shopping center ou uma boate na olra. Não, não. A Bahia mora na Ladeira da Montanha, na cidade baixa esquecida. No olhar dos pretos, pobres carentes de dignidade. Nos batuques, no gingado da capoeira, na cintura dançante da mulata. A bahia se esconde nos fantasmas da rua Chile, na menina do curuzu que namora o italiano, nas canoas da bahia de todos os santos, no colégio central, no plano inclinado, nas pedras do pelourinho, na favela dos alagados, nos buzus lotados, na ponta de humaitá, nas sombras dos arvoredos da Ribeira, nos vendedores gritantes da baixa dos sapateiros, nas águas mornas da Lagoa do Abaeté, nas ladeiras e ladeiras...
Mas tenho que parar por aqui, não é agora que vou escrever sobre a Bahia.

Um comentário:

Chantinon disse...

Putz, só agora vi no seu perfil que eis Pernambuco. No NE existe a triade dos loucos: PE, CE e BA. :D

Onde existem 3 seres dessas espécies no mesmo ambiente, é bate-boca na certa. E claro que os Baianos e Cearenses sempre estão errados. :D