22 de setembro de 2009

no gingado

Quando Simone chegou a Salvador, ela disse que teve a sensação de que a cidade dançava. Sim, sim, Salvador dança.
E até hoje acho engraçado os meninos, aqueles pretinhos e magricelos, e até as meninas também. Porque eles dançam ao som de qualquer coisa. No batido do martelo, na goteira da chuva, no assoviar, em tudo que tiver compasso, o baiano mexe a cintura e faz o gingado. E é sempre uma mistura de corpo e som, de espaço, de paisagem, de cores. A Bahia se mistura com o povo, que se mistura com a música, que se mistura com o corpo, que se mistura, se mistura, se mistura... E aparece sempre aquele gringo desengonçado, branquelo de olhos azuis, que tenta acompanhar o requebrado, mas fica tão desordenado que faz graça. Mas o menino do gueto não. O menino do gueto quando bate a lata incorpora a música, transpira som e ritmo. É no gingado afro. É no gingado dessa Bahia.

Nenhum comentário: