6 de junho de 2010

sem amanhecer

Certa manhã acordei, quando não era para acordar
estranhamente acordei
o silêncio de um quarto quase vazio me assustava
e os poucos móveis me pareciam deformados
o espelho, no canto da parede, como se quisesse falar comigo.
dentro do espelho, dizem os filmes de ficção, existem mundos
mas eu não queria conhecer mundo algum, definitivamente, invariavelmente.
estranha manhã
pela frecha da janela vi nuvens escuras
não ouvi passos de transeunte algum
nenhum raio de sol
nenhuma criança correndo na rua
estiquei os ouvidos, mas não havia barulho de xicaras na cozinha
estranha manhã quando não deveria acordar
então, desesperadamente fechei os olhos, apertando com força

não era pra acordar
estranho acordar de um dia sem manhã em que despertei sem amanhecer
estranhamente acordei

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