21 de abril de 2009

crise alérgica


Se você vai ter que esperar por mais dez anos por uma promoção ou aumento de salário, ou começar a achar que está sendo mais explorado do que nunca, saiba que a culpa é da crise americana.
O problema é genético. Quando Adão disse que a culpa era de Eva e Eva, por sua vez, jogou a culpa na serpente, naquele momento se instalou na espécie humana uma predisposição genética para, em situações de perigo, ameaça ou simples constrangimento, atribuir a culpa/responsabilidade a terceiros. Enquanto os teóricos queimam os neurônios em buca das diversas causas do comportamento organizacional, na prática as organizações usam sempre um motivo evidente, fácil de assimilar e raciocinar e que, embora não constitua um fato necessário e universal, é o que todo mundo "tá vendo".
Semana passada, numa aula de Produção, aprendi que o excesso de estoque disfarça os problemas/deficiências de uma empresa como, por exemplo, a falta de planejamento para produzir um determinado item. Quando se adota um sitema feito o Just in Time, que trabalha com estoque zero, os problemas vêm à tona como a poeira debaixo do tapete. Nesse contexto, a empresa que se preze, não vai desprezar o lado bom de uma crise feito essa, logo no epicentro do capitalismo mundial. Todas as mazelas que ocorrerem na organização, que tragam prejuízo profissional ou psicológico para o indivíduo, vai ter como responsável direto o modo anárquico de viver do americano. No primeiro caso, o do estoque, temos a poeira escondida debaixo do tapete. No segundo, temos a poeira rodopiando livremente, congestionando o nariz de quase todo mundo. O ponto em comum na comparação é a atitude de sempre preservar as mãos livres de micróbios, evitando assim uma possível e redundante crise alérgica, o que também não deixa de ser um comportamento herdado geneticamente, desde o tempo em que Pilatos disse que lavava as mãos quanto à condenação de Jesus.
Segundo a teoria da atribuição de causalidade "quando confrontados com situações problemáticas, os indivíduos tentam encontrar explicações para esses fenómenos e, assim, aumentar a sua compreensão do mundo. A interpretação de grande parte dos fenômenos envolve raciocínio causal". Embora atribuir causa seja um comportamento bastante comum ao ser humano, sugiro ouvirmos a opnião de Shakespeare. O poeta lembrou da "admirável desculpa do homem devasso - responsabilizar uma estrela por sua devassidão".

Um comentário:

taís disse...

Você demora mil anos pra escrever, mas quando escreve só sai coisa boa!