31 de janeiro de 2010

Adoecer nos ensina algumas coisas. Em oito dias de febre tive que repensar o tempo. Não há como recusar porque não temos opção. Quando estamos bem nunca temos tempo. O tempo que temos passa rápido e nunca teremos tempos de fazer aquilo que gostaríamos de um dia fazer na vida. Já quando não podemos fazer outra coisa além de esperar o tempo passar, como no caso da doença, entramos em sintonia com o ritmo e equilibrio da natureza. Descobrimos então que temos, sim, tempo suficiente para fazermos o que realmente é importante pra nós, desde que decidamos fazer.
Só a doença pra me lembrar esses dias que eu tinha tempo para, pelo menos, uma vez na semana contar uma estória pra minhas sobrinhas. Pra fazer algo concreto com minhas próprias mãos, como um barquinho com palitos de picolé. Para ouvir atentamente e olhando nos olhos o que minha sobrinha tinha a dizer sobre o dia que teve.
Era como se uma voz sábia sussurrasse ao meu ouvido dizendo para diminuir a velocidade dos ponteiros do relógio que funciona dentro de mim. Quando passamos rápido, podemos alcançar o objetivo em menos tempo, mas talvez as lembranças do caminho se tornem apenas borrões.

blue bird

Quase dois meses sem escrever, computador quebrado, oito dias doente, acesso restrito à internet, pergunto-me: "ainda há vida na Terra"?

blue bird
blue bird

se houver, que seja ao menos vida inteligente.