2 de setembro de 2010

casca de banana

O homem trabalhava muito. E da forma que contamos estorinhas para crianças, dizemos que trabalhava e trabalhava. Tostões no bolso era o que lhe sobrava. Centavos para tomar uma pinga fim de semana. Vida dura, dizia sempre o homem com voz erguida. Trabalho duro, ônibus, televisão, pinga. De vez em quando, uma briga com o vizinho. Sempre, uma questão de futebol. Futuro não havia. Nem tem onde cair morto, diziam uns. Nem onde cair vivo, acrescentavam outros. Era como se a vida fosse uma ladeira. Um suor danado. Quando chegava em cima, escorregava numa casca de banana e descia tudo. José era assim. O homem da casca de banana. Mas diziam outros que não era azar. Era que José era burro mesmo. Já outros, diziam que foi falta de oportunidade na infância. Pobre Zé, nem pôde estudar, só trabalhar desde pequeno, na roça. E zé levava a vida do jeito que dava.
De vez em quando, Zé tropeçava sozinho. De quando em vez, aparecia uma danada de uma casca de banana.

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