6 de abril de 2010

drop the candy, chit!

Como um americano falaria expressões baianas feito "larga o doce pivete!?" Não tenho a mínima idéia. Mas se usarmos um mecanismo automático de tradução feito o google translator, teríamos algo como: "drop the candy, chit"
Sinceramente, não sei como se traduz um livro de literatura, por exemplo. Como um americano entenderia as expressões que Jorge Amado usa em seus livros? De uma forma um tanto distorcida, penso. Como mergulhar em outra cultura, ou melhor, como pensar através de outra cultura? Durante meu curso de Administração, ouvimos muito falar em mudança da cultura organizacional, adaptação à cultura estrangeira. Como um índio pensaria feito um português? Como um americano pensaria feito um Chinês? Como um francês pensaria feito um russo? Como um paulista pensaria como um sertanejo nordestino? Os sociólogos alegam que não é possível mudar uma cultura. Não é como um objeto, uma cadeira que mudamos do quarto para a sala. Se não é possível mudar a cultura de uma empresa, como seria possível mudar a cultura de um povo, de uma dada sociedade? Como seria possível que um árabe começasse a raciocionar como um americano? Outro dia li num blog de sociologia um comentário que me chamou atenção, pois fazia uma distinção entre integração social e inclusão social. Reparem a sutil diferença. Os meios de comunicação de massa falam que é preciso promover a inclusão social, não falam de integração. Por que? Porque incluir socialmente é oferecer um curso profissionalizante, por exemplo. Integrar é fazer com que o indivíduo marginalizado compartilhe do ambiente cultural do qual está excluído. É fazê-lo igual, não apenas participante. Se estamos inclusos, estamos ali no meio daqueles outros diferentes que nos olham diferente. Integrar vai além da ruptura de uma categoria social, como um emprego. O processo de integração leva o indivíduo a compartilhar da mesma cultura, o que significa compartilhar dos mesmos valores, mesmas ambições, mesmas crenças. Ainda falamos em inclusão digital. Quando falaremos em integração tecnológica? A meu ver, inclusão digital que se promove no Brasil é oferecer um computador com acesso à internet. Integração tecnológica, imagino, seria não só envolver o indivíduo num contexto tecnológico de tal forma que o mesmo fosse capaz de compreender as novas tecnologias, mas também receber a educação (conhecimento) adequada para produzir resultado (benefícios) para si e para a sociedade.
Já dizem os estudiosos de idiomas que a tradução não é um processo de decifração, mas de compreensão. Se podemos compreender o que Shakespeare falava naquele ingês arcaico, por que não podemos compreender o que fala um menino brasileiro que mora numa favela carioca ou nos subúrbios de Salvador? Garanto que nem é preciso usar o Google.

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