O colar da menina caiu na praia e o mar levou. Era uma noite fria de reveillon na praia de Stella Maris, há dois ou três anos atrás.
Eu, percebendo o olhar meio aflito da criança, me virei e disse: deixa pra Iemanjá!
Imediatamente a menina e a avó, que tinha ares da rainha Elizabeth II, voltaram-se pra mim e deram um sorriso curto daqueles que quebram a tensão da região entre as sobrancelhas. Olharam-me confusas, sem saber se era normal Iemanjá levar de vez em quando, sem permissão, jóias de meninas ricas, ou se aquilo significava um atentado natural ao direito soberano à propriedade privada.
A menina, talvez querendo conformar-se, ainda repetiu baixinho pra si: deixa pra Iemanjá!
Olhei para o céu para ver os últimos fogos enquanto a menina arrastava os pés descalços na areia fofa de volta pra casa.
11 de dezembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Definitivamente, ultimamente, o mar nao ta pra peixe.
O que nao eh o caso do curtoconto, alias, massa.
Nao sei porque penso essas coisas.
Abs!
ai que delícia de texto.
adorei!
e sim, logo eu volto. pausa para balanço, talvez...
Postar um comentário