22 de abril de 2010

side

Led Zeppelin
quando estiver noite
com céu escuro ___________________ black mountain side / black mountain side /black mountain side / black mountain side _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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chegara

pobre moço.
só aos 30 percebeu que o futuro chegara.
surpreendentemente chegara.

21 de abril de 2010

woofer

no quarto, volume máximo

TUM TUM TUM

porta, cama, monitor, janelas, tudo tremia

O CORPO TREMIA

subwoofer
woofer
woofer
woofer
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wooferwooferwooferwooferwooferwooferwoofer
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TUM TUM TUM

nariz

e perguntou ao ancião se haveria salvação para sua alma.
o velho parou, raspou o queixo com dois dedos e mirando nos olhos do pequenino, respondeu:
garoto, o inferno está abaixo de seu nariz.
e o menino saiu correndo ladeira acima.

as alegrias que o Google me dá (parte II)

solar

E ele apenas e repetidamente dizia que havia nascido sob um eclipse solar. Era uma tarde de primavera. Vento fresco e pétalas de rosas espalhadas por calçadas acinzentadas.

Sim, isto é rock in roll


19 de abril de 2010

60


Os anos passaram, mas o tempo não. Ainda não estamos em 2010.

it's a hard

Passava da meia noite. Estrelas cadentes. Um único pássaro numa arvore escura. Piano ao fundo. Da janela de seu quarto, ele viu o mundo explodir. Never, never, never. Ela disse: acabou. Explodir em pedaços, ex plo dir , pulo dir , dir, dir, dir. Ao fundo, Bob Dylan



"And it's a hard, and it's a hard, it's a hard, and it's a hard,

And it's a hard rain's a-gonna fall."

16 de abril de 2010

banguelo

parou, ele, o tempo. era tão velho, tão lento que até os pingos de chuva caíam lentos. poças d'água tremeluziam aos pingos e à luz amarelada dos postes.
enconstou-se na mesa do bar e tentou fechar o guarda-chuvas. pobre velho. tão velho, tão lento que levaria uma eternidade pra fechar.
Abriu um sorriso banguelo. um olhar de ternura. era um velho bonzinho e velhos pobres bonzinhos geralmente abrem sorrisos banguelos.
fechou o garda-chuvas. glória.

dente

puxou uma moeda de R$ 1,00 daquele short velho, aquele homem velho, e pediu ao dono do bar um remédio para dor de dente.
chovia
eu, ingênuo, achei que o velho fosse maluco.
maluco eu.
duas doses de pinga e não fazia mais frio

15 de abril de 2010

camera


e como diria Rafael Galvão, as alegrias que o Google me dá...
ou, "porque o Google me induz a pensar putaria..."


alone


e às vezes parece que soa assim, como um canto solitário

12 de abril de 2010

rosa


Ter crianças em casa é algo como ir para a cama e encontrar um porquinho rosa extremamente simpático em cima de seu travesseiro.

8 de abril de 2010

quase o mesmo

"nós temos a mesma idade
e aquele gosto pelo incerto
cobrimos unhas com esmaltes neon
gostamos de usar os coletes abertos

nós temos os mesmos sonhos
os mesmos desejos secretos
arriscamos as mesmas cores
lançamos olhares discretos"


copiado da adorável Lola

que pertença

não gosto de direitos autorais

tudo o que faz sentido pra mim, que completa minha existência, presumo que pertença a mim.

ponto

não gosto de frases com pontos finais

gosto de fins de frases que não tenham fim

com espaços



espaços para que sempre seja possível dizer algo mais

Scorpions forever



porque o importante é manter a postura


6 de abril de 2010

anjo

Galega sentou-se ao pé da escada e disse que o sobrinho dela havia morrido. Apontou pro céu e disse:
-- sabe porque as nuvens estão daquele jeito?
--Não, por que?
--Quando uma criança morre vira anjo. Todas aqueles nuvens são crianças que viraram anjos.
Olhei atentamente pro céu.
Eram muitos anjos.
Éramos crianças.
Galega era uma vizinha pobre, cujo irmão sempre me pedia maçãs.
Galega imaginava muitas coisas e contava muitas estórias.

tomara

Faz calor em Salvador, apesar de ser noite. E fica aquele suor pegajoso. Talvez as calotas polares estejam realmente derretendo. Talvez o eixo da Terra tenha sofrido uma leve inclinação depois do terremoto no Haiti. Talvez o fim do mundo esteja próximo. Vamos imprimir menos. Tomara que daqui pra lá o Irã não produza nenhuma arma nuclear. Tomara que os americanos continuem com fast foods.

redondos

Há umas duas semanas atrás, comecei a contar estórias para minhas sobrinhas. Beatriz e Maria Clara, oito e quatro anos. A estória é de "Pinha, a formiga aventureira". Mas o impressionante não são as aventura de Pinha. São os olhos de Maria Clara, redondos, esbugalhados e atentos procurando as imagens, os detalhes da estória contada por mim e imaginada por ela.

manhã de sol ocluso

"...porque tuas mãos, singelo sorriso de lábios tênues que rasgam delicadamente teu rosto e olhos translúcidos de infindáveis pensamentos, não se transportam a mim, nesta manhã de sol ocluso. Fico então a esperar que um vendaval nascido de detrás das montanhas, veloz e assaltante, possa te roubar onde quer que estejas e te trazer a mim, somente a mim. Mas não ouço tua voz, nem fios de teus cabelos encontro entre meus dedos, nem dançando ao vento, porque a distância do que é concreto ignora a confusão de nossos sentimentos..."

Trecho de um texto meu escrito há alguns anos.

protesto

Não entendo porque Led Zeppelin morreu quando eu nasci.

Cinco linhas

Lola, me perdoe se os textos longos te cansam. Eles igualmente me cansam.

herança

E declarou de cima da casa, cabelos assanhados, pisando com cuidado para não quebrar as telhas:
"Tudo o que tenho, todos os bens que compõe meu acervo hereditário, declaro deixar para minha sobrinha, Maria. A tv, o som e o computador."
Era uma noite de lua branca e enorme.


Do outro lado da rua, uma coruja pousou suavemente numa árvove caduca.

momento literário

O velho apertava os olhos, protegendo-os da luz do sol que parecia apontar apenas em sua direção. Deslocou-se, pondo a mão sobre a do rapaz que o acompanhava à mesa e o chamou com ânimo:
- Olhe ali, do outro lado, na calçada!
O menino, num susto, ergueu os olhos que estavam voltados pro livro, um livro sobre antigos povos da Babilônia, e voltou a cabeça pra onde o velho apontara.
- O que? – Perguntou o rapaz.-
Aquela menina. Está vendo? – continuou falando em voz baixa, mas num tom vibrante.
- Sim, estou vendo – retrucou o rapaz, com expressão de impaciência.
O velho então parou. Parou e deixou, por instantes, o olhar se perder no espaço. A claridade do sol, agora, parecia não incomodá-lo mais. Aos poucos, foi abandonando a mão do rapaz e se encostando de volta na cadeira.
- Seus passos... seus passos eram tão leves. - Disse com certo deslumbramento.
E, novamente:
- Muito leves... – só que, desta vez, parecia estar falando pra si mesmo, suspirando.
- A leveza de espírito afeta a lei da gravidade? – perguntou o velho ao menino.
- Por acaso a leveza de espírito interfere no peso dos corpos? – insistiu o velho.
- Não, meu avô. - Respondeu o rapaz com olhar confuso. É evidente que não e o senhor deve saber isso.
- A ciência já examinou isso, meu filho? - Insistiu mais uma vez o ancião.
- Não haveria motivos para tal, meu avô. – Respondeu achando graça, pois, agora, entendia que o velho o provocava.
O homem voltou o olhar para a menina que agora já estava distante.
Um pouco à frente, uma esquina cruel roubara-lhe a pequenina de andar leve e cabelos longos e encaracolados.
Não deveria de haver esquinas, já que sempre nos roubam o olhar infinito. - Questionou o velho em pensamento.
Mas quando as coisas nos fogem dos olhos, a memória nos serve. E o velho via novamente aqueles passos leves, aquele corpo pequenino, aquela mão frágil segurando a da mãe. Cabelos encaracolados que se moviam conforme as vontades do vento.
O velho pegou de volta o charuto e permitiu ao menino voltar-se ao livro.
Bafejou, com o desleixo de sempre, aquela fumaça densa, mas tão leve feito os pés da menina.
E, silenciosamente, disse:
- Interfere meu filho. Interfere.

Frio

Eu nasci ontem. João. Eram três e quinze da madrugada. Sangue e frio.
Eu estava com 4 anos, frio, papeleão, sujeira.
Ontem eu tinha 9 anos, frio, febre, papelão.
12 anos, todos os olhos eram frios.
Semáfaro frio, olhos frios, noite fria.
Febre no frio. Comida fria. Noite fria.
Ontem eu me transformei num anjo.

corpo frio, e tudo continuava completamente frio.

vírgulas

Querida Eva, me perdoe, tantas vírgulas,
Devo, reconhecer, que é um vício, um vício,
,

drop the candy, chit!

Como um americano falaria expressões baianas feito "larga o doce pivete!?" Não tenho a mínima idéia. Mas se usarmos um mecanismo automático de tradução feito o google translator, teríamos algo como: "drop the candy, chit"
Sinceramente, não sei como se traduz um livro de literatura, por exemplo. Como um americano entenderia as expressões que Jorge Amado usa em seus livros? De uma forma um tanto distorcida, penso. Como mergulhar em outra cultura, ou melhor, como pensar através de outra cultura? Durante meu curso de Administração, ouvimos muito falar em mudança da cultura organizacional, adaptação à cultura estrangeira. Como um índio pensaria feito um português? Como um americano pensaria feito um Chinês? Como um francês pensaria feito um russo? Como um paulista pensaria como um sertanejo nordestino? Os sociólogos alegam que não é possível mudar uma cultura. Não é como um objeto, uma cadeira que mudamos do quarto para a sala. Se não é possível mudar a cultura de uma empresa, como seria possível mudar a cultura de um povo, de uma dada sociedade? Como seria possível que um árabe começasse a raciocionar como um americano? Outro dia li num blog de sociologia um comentário que me chamou atenção, pois fazia uma distinção entre integração social e inclusão social. Reparem a sutil diferença. Os meios de comunicação de massa falam que é preciso promover a inclusão social, não falam de integração. Por que? Porque incluir socialmente é oferecer um curso profissionalizante, por exemplo. Integrar é fazer com que o indivíduo marginalizado compartilhe do ambiente cultural do qual está excluído. É fazê-lo igual, não apenas participante. Se estamos inclusos, estamos ali no meio daqueles outros diferentes que nos olham diferente. Integrar vai além da ruptura de uma categoria social, como um emprego. O processo de integração leva o indivíduo a compartilhar da mesma cultura, o que significa compartilhar dos mesmos valores, mesmas ambições, mesmas crenças. Ainda falamos em inclusão digital. Quando falaremos em integração tecnológica? A meu ver, inclusão digital que se promove no Brasil é oferecer um computador com acesso à internet. Integração tecnológica, imagino, seria não só envolver o indivíduo num contexto tecnológico de tal forma que o mesmo fosse capaz de compreender as novas tecnologias, mas também receber a educação (conhecimento) adequada para produzir resultado (benefícios) para si e para a sociedade.
Já dizem os estudiosos de idiomas que a tradução não é um processo de decifração, mas de compreensão. Se podemos compreender o que Shakespeare falava naquele ingês arcaico, por que não podemos compreender o que fala um menino brasileiro que mora numa favela carioca ou nos subúrbios de Salvador? Garanto que nem é preciso usar o Google.

adeus

Se quiseres voltar, volta não

Porque me quebraste em mil pedaços

Adeus, adeus, adeus meu grande amor.

Legião Urbana