28 de abril de 2009

porque eu fiz um blog


Uma das maneiras mais práticas de nos confudirmos é perguntando a nós mesmos porque fizemos determinada coisa. Qualquer extra-terrestre sabe que a psicologia está preocupada em compreender o comportamento humano. Eu, que gosto de psicologia e sempre tive curiosidade de saber porque nada muda e apesar de tudo continuamos felizes, não agiria diferente, principalmente em se tratando de ter a mim mesmo como objeto experimental. Bem, a pergunta que me veio ao cérebro nessa terça-feira, meia noite, foi: por que fiz esse blog?
As respostas são as mais diversas e, possivelmente, contraditórias, confusas e complexas. Entretanto, farei algum esforço pra tentar esboçar aqui alguma análise, brevemente:

motivo 1

eu queria exercer meu direito constitucional de libertar meu pensamento. Justificando>>
Penso que, após um período de evolução darwiniana e algumas aulas de sexologia , aqueles que detém o poder tenham concluído finalmente que o importante não é controlar explicitamente, mas sim, saber conduzir (pra não dizer manipular) de forma socialmente responsável e de acordo com os princípios éticos. Sinto-me bem, portanto, em falar o que quero da maneira que quero. Isso me dá a ilusão de que sou um jovem consciente que interfere de forma crítica na sociedade da qual não faço parte por não ter conseguido me adaptar às mudanças nem ter sido proativo, flexível, comunicativo, multifuncional, dividido em 10 vezes, o suficiente.

motivo 2

está relacionado com o motivo 1, embora nuam dimensão espiritual mais profunda, ou seja, eu queria dizer ao web world wide que eu existo, em carne e osso. Ou seja, não sou uma realidade virtual, meu cartão de crédito pode se transformar numa navalha, as janelas de minha casa não são pop ups, não mandei convite pra ser amigo de ninguem em site de relacionamento algum. Além disso, existe a vantagem de que até agora não precisei provar nada pra ninguém. Nunca me exigiram RG, comprovante de residência, extrato de cartão de crédito, passaporte, ser listado entre as pessoas mais influentes pela Forbes, estar devidamente matriculado em alguma instituição de ensino superior, não ter nenhuma restrição cadastral,ter votado nas últimas três eleições, não ter colocado nenhuma empresa no pau, falar inglês fluente, entre outros.

motivo 3

criei esse blog com o objetivo secreto de dominar o mundo, manipular o opnião pública, ser do contra para ter o que argumentar, dirigir a atenção do público mundial para meu umbigo, falar mal da vida dos outros, parecer mais intelectual e atualizado com as novas tecnologias, dentre outros.

motivo 4

talvez o motivo mais importante: queria ser famoso

motivo 5

queria ficar rico levando uma vida de escritor semi-vagabundo, escrevendo num laptop num vilarejo qualquer da Chapada Diamantina sobre qualquer coisa que interessasse à maioria das pessoas que, por alguma razão, não lêem blogs, só assistem a Faustão.

motivo 6

queria mostrar que alguns neurônios meus funcionam para alguma coisa, embora isso não resulte diretamente em ganhos financeiros a curto nem a longo prazo, o que sutenta a tese dos céticos de que a filosofia e a vida de escritor não patrocinado num mundo em desenvolvimento capitalista é um caminho curto e seguro para a pobreza sustentável.

Enfim, acho que foi isso, embora eu seja completamente inocente de possíveis acusações de comportamento mental anti-ético, devido ao simples fato de que eu desconhecia grande parte de meus próprios motivos, além do que, eu, desprovido de quaisquer instrumentos científicos, jamais seria capaz de explicar completa e precisamente fenômenos tão complexos da natureza humana.
Considerando também que isso não passa da ponta do iceberg.


24 de abril de 2009

Obama, Disney e o boneco de macumba


O mundo mudou e, hoje, a celebridade internacional que está mais sofrendo com essa mudança talvez seja Michael Jackson, dentro de um possível quadro de crise de identidade racial do tipo "black or white", particularmente, devido ao chamado 'efeito Obama'. Michael, que vive eternamente flutuando na sua Never Land, talvez esteja se perguntando se não teria sido melhor ter continuado com a mesma cor que a mãe natureza lhe dera, ao invés de ter se transformado nessa figura que mais se assemelha a uma boneca de porcelana falsificada chinesa com cabelo de boneco de macumba. Sob uma perspectiva temporal, considerando a pigmentação da pele, podemos dizer que o astro pop se movimentou na contramão da tendência social de ascensão dos afro-americanos. Pra todos os efeitos, é possível dizer que, como símbolo cultural, Michael passou a ser um pato branco se afogando num mar negro afro. O que eu, humildemente, poderia classificar como um nada. Já a Disney, por outro lado, que também adora as criancinhas, embora sob aspectos distintos, não perdeu tempo e já tratou de lançar Tiana, sua primeira princesa negra. Só não entendi porque o nome do filme, onde ela vai atuar como protagonista, teve de ser "The Princess and the Frog"(A princesa e o sapo). Não poderia ser uma rã, pelo menos a título de originalidade?
[ Falando em ficção, essa semana eu tive que explicar à minha sobrinha de sete anos que não combinava ela colocar como sobrenome no Orkut o nome Barbie, já que ela era mulata. Eu disse que combinaria mais Pocahontas. Ela aceitou. O que eu não sabia é que a Disney já havia pensado nela antes de mim...Fico imaginando também quando a Globo vai realmente se globalizar e parar com essa mania elitista de sempre colocar o negro na posição de serviçal nas novelas. Talvez para isso tenhamos que esperar por mais uns duzentos anos. (Tomara que as calotas polares não derretam completamente até lá). ]
Voltando a Obama, os Estados Unidos da América têm seu primeiro presidente negro, com o diferencial de possuir 'a cara da gente', (conforme observado por nosso presidente marolinha). Quando ele falou isso, eu lembrei de um crítica de Norman Mailer, no seu livro "O grande vazio", quando ele disse que os integrantes do Adminstração Bush pareciam qualquer coisa, menos seres humanos. E que a única pessoa que ele ainda salvava era Donald Rumsfeld, apesar de toda polêmica de sua trajetória política. Já Obama, além de parecer um ser humano, tem cara de baiano e carioca, somado ao outro diferencial de ter uma postura corporal encurvada. That's very important. Tanto Nietzsche quanto Niemeyer apreciavam a flexibilidade como sinal de inteligência e a curva como sinal de criatividade, respectivamente. Já Bush, com aquela postura sempre ereta, parecendo um espeto de churrasco, com aquela cara de Coringa pós botox, deu no que deu.
Do mundo da magia do cinema ao mundo da mágica da política, eu acredito tanto na princesa quanto no presidente, embora, talvez, o mais sensato, seria acreditar mesmo que o sapo vai um dia virar príncipe. Se não virar, deixa pra Michael engolir.

21 de abril de 2009

crise alérgica


Se você vai ter que esperar por mais dez anos por uma promoção ou aumento de salário, ou começar a achar que está sendo mais explorado do que nunca, saiba que a culpa é da crise americana.
O problema é genético. Quando Adão disse que a culpa era de Eva e Eva, por sua vez, jogou a culpa na serpente, naquele momento se instalou na espécie humana uma predisposição genética para, em situações de perigo, ameaça ou simples constrangimento, atribuir a culpa/responsabilidade a terceiros. Enquanto os teóricos queimam os neurônios em buca das diversas causas do comportamento organizacional, na prática as organizações usam sempre um motivo evidente, fácil de assimilar e raciocinar e que, embora não constitua um fato necessário e universal, é o que todo mundo "tá vendo".
Semana passada, numa aula de Produção, aprendi que o excesso de estoque disfarça os problemas/deficiências de uma empresa como, por exemplo, a falta de planejamento para produzir um determinado item. Quando se adota um sitema feito o Just in Time, que trabalha com estoque zero, os problemas vêm à tona como a poeira debaixo do tapete. Nesse contexto, a empresa que se preze, não vai desprezar o lado bom de uma crise feito essa, logo no epicentro do capitalismo mundial. Todas as mazelas que ocorrerem na organização, que tragam prejuízo profissional ou psicológico para o indivíduo, vai ter como responsável direto o modo anárquico de viver do americano. No primeiro caso, o do estoque, temos a poeira escondida debaixo do tapete. No segundo, temos a poeira rodopiando livremente, congestionando o nariz de quase todo mundo. O ponto em comum na comparação é a atitude de sempre preservar as mãos livres de micróbios, evitando assim uma possível e redundante crise alérgica, o que também não deixa de ser um comportamento herdado geneticamente, desde o tempo em que Pilatos disse que lavava as mãos quanto à condenação de Jesus.
Segundo a teoria da atribuição de causalidade "quando confrontados com situações problemáticas, os indivíduos tentam encontrar explicações para esses fenómenos e, assim, aumentar a sua compreensão do mundo. A interpretação de grande parte dos fenômenos envolve raciocínio causal". Embora atribuir causa seja um comportamento bastante comum ao ser humano, sugiro ouvirmos a opnião de Shakespeare. O poeta lembrou da "admirável desculpa do homem devasso - responsabilizar uma estrela por sua devassidão".

só as aberrações são FELIZES!

key words (ovo de páscoa; velhinhos barrigudos; aberrações, sonâmbulo)

Olá Juliana

Fiquei sabendo por aí que vc tá indo(ou já foi) pra SP.
É uma pena "perder" mais um cérebro nessa cidade Ovo de Páscoa nº 5.

Não sei até que ponto a crítica social dos blogueiros influencia alguma coisa nessa cidade, mas confesso que quando li na capa do A tarde que a UFBA iria instalar novas câmaras de segurança, meu cérebro logo associou com seu post sobre os "velhinhos barrigudos". Pra mim, é sempre gostoso ler um texto quando debocha de forma inteligente de todo esse véu de hipocrisia que paira sobre nossas cabecinhas.

Sempre vi você como uma escritora, antes de tudo, original. Se eu pudesse resumir em poucas palavras sua influência sobre meu ''pensar literário'', eu usaria uma frase sua que ficou impregnada em minha mente: ''só as aberrações são felizes". De alguma forma, pensar de forma ''anormal'' é libertador!
Quando o sociólogo Gabriel Tarde disse um dia que ''o homem social é um sonâmbulo”, provavelmente ele não considerou a existência de escritores feito você.

Bem, boa sorte nessa nova fase de sua vida. Tenho certeza de que SP será um prato cheio pra você. Metralha tudo lá!!

Sucesso, sempre!


Ah, parabéns pela texto na Folhateen.That's very good!!!


ps.: Eu não sei me libertar da escrita formal

Josué

(emai-l from Josué to Juliana Cunha)